Juventude é uma das principais vítimas da crise capitalista

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou o relatório "Tendências Mundiais do Emprego Juvenil" do ano de 2011 no qual declara que a juventude passa por "um mal-estar social provocado pelo desemprego e trabalhos precários, a crise pode resultar em salários mais baixos no futuro" (BBC, 20/10/2011).
A crise capitalista atual está atingindo uma parcela expressiva da juventude mundial principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. Em alguns países o desemprego chega a atingir 40% ou mais da população jovem entre 18 e 24 anos.
O relatório divulgado pela OIT reuniu dados de jovens entre 15 e 24 anos. O relatório constata que a taxa de jovens desempregados no mundo é, na média, de 12,7%. Este percentual se manteve praticamente inalterado entre os anos de 2009 e 2010, ao todo são 75,1 milhões de jovens desempregados. No ano de 2007, este percentual era menor que 10%.
Os dados foram recolhidos de 56 países. O próprio relatório diz que estas informações divulgadas são subestimadas: "... as estatísticas oficiais subestimam sem dúvida a dimensão real do problema nas economias desenvolvidas", ou seja, o número de desempregados é maior que aquele indicado nas estatísticas oficiais.
O relatório diz que os países desconsideram das estatísticas de desemprego os jovens que desistiram de procurar emprego. Desta forma o índice só apresenta os que procuraram emprego no último período e não de fato todos que estão desempregados.
Mais de 40% sem emprego
Um exemplo é o caso da Irlanda, um dos mais falidos países da zona do euro. O desemprego no País foi de 9% em 2007 para 27,5% no ano passado, mas esta taxa poderia ser bem maior, 19% a mais, elevando o desemprego entre os jovens para 46,5%. Isto se fossem contabilizados os jovens que deixaram de procurar vagas.
Outro fator relacionado é dos jovens que têm emprego, mas somente por meio período, o que na prática é uma espécie de desemprego. A taxa aumentou 17% na Irlanda e 8,8% na Espanha.
A taxa média de desemprego entre os jovens na zona do euro é de 20,3% e na União Europeia de 20,4%.
E mesmo com os dados oficiais há casos semelhantes de alto desemprego. No Reino Unido, são 21,3% de jovens desempregados. A Espanha, que tem o maior índice de desemprego na zona do euro, 21%, tem este valor maior que dobro quando é verificada a taxa para os jovens de 18 a 24 anos, 45,7%.
Na Itália a taxa chega 28,2% dos jovens. Já no país mais falido da Europa, a Grécia a taxa também é uma das mais altas entre os jovens. Enquanto a média de desemprego é de 16,3%, bastante alta, aliás, entre os jovens desempregados de 15 a 29 anos esta taxa chega a 32,9%, mais que o dobro.
Nos Estados Unidos, enquanto a taxa média é de 9,1%, entre os jovens de 16 a 19 anos este índice quase triplica, é de 24,6%.
A revolução da juventude
O desemprego entre os jovens pode ser considerado um dos fatores que tem desencadeado as inúmeras mobilizações populares que ocorreram em todo o mundo.
Este fato é tão óbvio que o relatório da OIT, um dos órgãos do imperialismo, não pode esconder e teve que admitir a influência direta das demissões em massa como um fator das revoltas de jovens em praticamente todos os continentes. "Esta frustração coletiva [falta de emprego] dos jovens foi um dos motores dos movimentos de protestos que ocorreram neste ano em todo o mundo. Tornou-se cada vez mais difícil para os jovens conseguirem algo diferente de um trabalho por meio período ou temporário" (idem).
Estes protestos aconteceram em praticamente todo o planeta. Desde as revoltas no mundo árabe, Egito, Argélia, Tunísia, Síria, Marrocos etc. que ainda estão em marcha, a crise econômica e o altíssimo desemprego entre os jovens foi um dos principais motores da onda internacional de mobilizações.
As manifestações dos Indignados na Espanha, os protestos na Itália, na periferia da França, Portugal e as greves e diversos protestos na Grécia desde o ano passado têm a participação massiva da juventude.
Os imensos protestos recentes na Inglaterra que mobilizaram dezenas de milhares de jovens desempregados nas periferias das principais cidades britânicas também demonstram os efeitos da crise na juventude.
Outro exemplo é o movimento “Ocupar Wall Street” que explodiu nos Estados Unidos nas últimas semanas, impulsionado por um setor da juventude e que agora já tem a adesão de trabalhadores, sindicatos etc.
Na medida em que as perspectivas de desemprego continuam no horizonte para o próximo período, movimentos como estes tendem a continuar se desenvolvendo, aprofundando e radicalizando. Está em marcha um levante revolucionário da juventude desempregada que vai arrastar trabalhadores e a população dos países que estão cansados de pagar com o emprego, os cortes de verbas, aumento de impostos a crise criada pelos bancos e os especuladores financeiros.